Advogado tem contato com facção?

abril 21, 2021

 


Infelizmente é inegável que as facções dominam os sistemas prisionais, as favelas, os morros, as biqueiras e todas as extensões coligadas ao crime.

Partindo desse pressuposto, o advogado que atua na área criminal, mais cedo ou mais tarde, terá contato com os chamados "faccionados", ou seja, pessoas presas (ou não) que servem a determinadas facções.

A propósito, muitas pessoas de bem que caem no presídio por causa de um mau passo na vida ou até por algum mal entendido do Poder Público (o que acontece com mais frequência do que o normal) acabam se tornando submissos a pessoas que servem a facção, pois estas, trocam segurança, comida boa, roupas etc por favores posteriores.

Isso significa dizer que a pessoa que não é má o suficiente para ser de uma facção, acaba por ficar em dívida com ela e por obrigação, acaba fazendo "favores" o que normalmente é algum tipo de crime, pois não resta opção. Ou paga assim ou com a vida.

Então, quando o advogado criminalista é chamado por um possível cliente, não rara às vezes, será alguém que serve a facção por vontade ou por faccionamento compulsório e nesse momento o profissionalismo precisa imperar.

O bom advogado ou advogada criminal é aquele ou aquela que detém autoridade técnica no assunto e sabe como lidar com isso, não deixando nada nem ninguém passar por cima da autoridade do cargo.

Mas até chegar nesse nível, o jovem advogado passa por inúmeras tentações, medos e inseguranças.

A faculdade não nos prepara para a prática, muito menos para lidar com pessoas em geral, o que dirá pessoas que vivem esse tipo de vida.

A advocacia criminal é muito bonita na teoria, nos stories dos outros, nos livros e doutrinas da faculdade, nos tribunais do júri, nas sustentações orais, na boca de advogados consagrados e na tela da Netflix, mas escolher essa área é muito mais do que simplesmente soltar uma pessoa presa por embriaguez ao volante ou o filho de alguém por posse de drogas.

Escolher a área criminal é lidar com a dor de pessoas acusadas e suas famílias, de réus presos e seus parentes. É presenciar uma pessoa que caiu no presídio por equivoco do Estado e virou refém de organização criminosa. É saber que existe uma hierarquia nas forças do mal que precisa ser respeitadas por quem está do outro lado das grades.

É saber que a pessoa mais má dentro de um presídio tem direitos e você na condição e advogado deve resguardar esses direitos, mesmo, às vezes, você não possuindo estomago para isso.

É saber também, que pessoas da sociedade vão lhe julgar, ofender, atacar e dizer que você não merece respeito por defender esse "tipo de gente". É receber olhares tortos nas ruas e nos estabelecimentos que frequenta, é receber (in)diretas nas redes sociais dia sim e outro também.

Mas defender o Direito de um culpado é defender o Direito de um inocente, pois o Direito é o mesmo para todos. As leis são as mesmas para qualquer ser humano. Pode o julgador ou acusador interpreta-las diferente ou deixar que os preconceitos próprios influenciem, mas a lei é a mesma.

E o advogado tem que estar lá para certificar-se que nenhum Direito será violado mesmo que, você esteja lidando com um preso de facção, o que irá acontecer na sua trajetória cedo ou tarde, se optar por essa área.

O advogado, com ênfase no criminal, é a porta de esperança das pessoas que dele precisam, então pensem bem antes de escolher a advocacia criminal.

Veja também: Faculdade de Direito vale a pena? COMO DAR CERTO NA FACULDADE DE DIREITO

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